Artigo
O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM, O CORAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
SENTE... E MUITO ©José Roberto de Oliveira
A presente
reflexão tem como base o texto “Gestão Invisível” de Oscar Motomura que
apresenta como enfoque principal a questão da percepção gerencial, que deve transcender as coisas visíveis e tangíveis, percepção
essa como algo indispensável aos gestores hodiernos.
Menciona
vários exemplos em que tal percepção gerencial não está aflorada para o que ele
intitula de “invisível”, mas que só sabem lidar com o explícito.
Eis algumas
ocorrências exemplificativas de empresas que o autor aborda:
§ ... “seus
melhores talentos estão aos poucos deixando a empresa...”
§ ... “
Investimentos em gestão do conhecimento. As soluções criadas pelos consultores
são rapidamente incorporadas a “um banco de idéias”(...) parece que o “banco de
idéias” não está conseguindo capturar o “x” dos projetos de sucesso.
§ ...” o
interesse pelo cliente não é algo apenas protocolar . Cada funcionário trabalha
com interesse genuíno pelo bem- estar dos clientes.”
§ “As conversas de corredor revelam que a briga por
poder está se acirrando. O mais surpreendente de tudo é que a diretoria parece
ignorar isso.”
Essas situações ressaltam a falta do enfoque
perceptivo gerencial do “invisível”, visto que esses fatos, em tese, por serem
não tangíveis, quase sempre perdem, como objeto de ocupação e preocupação
gerencial, para as “situações
concretas”, que são efeitos e não causas.
Esse
concretismo tem levado muitas organizações a ignorarem fatores-chave para o seu
sucesso de gestão. Muito além do concretismo que compõe o espaço
organizacional, que na visão de Katz e Kahn (1987) não é idêntico ao espaço
físico, conquanto este seja um de seus componentes, existe ou deveria existir
uma sinergia comportamental no ambiente organizacional cujos efeitos positivos , muitas vezes não
aproveitados e apropriados positivamente
pelas organizações. Quantas pessoas criativas estão bloqueadas pela
rotina massacrante do curto prazo?
Entre esses fatores sinérgicos que podem ser catalisados, encontramos a
questão da confiança das pessoas na organização, em seu propósito e valores e
em seus líderes, isto tanto por parte do público externo quanto do público
interno. Se do público interno, há de
estar atento sempre para a questão da
motivação do pessoal da equipe, buscando sempre o sentido de
colaboradores e não dominação pelos mais diversos matizes Taylor-fayolistas
como super manualização, organogramas inescaláveis (tanto para comunicação como
para ascensão), cronogramas estressante que acirram muitas vezes as relações
intra-organizacional, normas, padrões, que subliminarmente espraiam uma
ideologia de adaptação e comodismo do ser humano à máquina, à estrutura, ao emprego,
que nem sempre é trabalho, etc- em
detrimento da revelação de talentos individuais, criatividade e libertação
interior, num abandono à razão substantiva.
Até que
ponto as academias estão formando executivos que só sabem lidar com o
explícito?
Torna-se imperiosa a ótica da prática
organizacional como um sistema social, onde os chamados “custos invisíveis”
transformem-se, pela sensibilidade, preparo e percepção gerencial, em argamassa
construtiva de um novo modelo
organizacional que vá além da empregabilidade, ou seja, alcance a
trabalhabilidade.
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Nota: Artigo publicado no informativo nº 06/1999 - DPJPAF - SEFAZ (ES).
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