domingo, 30 de junho de 2019

Artigo


O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM, O CORAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO SENTE... E MUITO                                                                  ©José Roberto de Oliveira 

                                                                                

A presente reflexão tem como base o texto “Gestão Invisível” de Oscar Motomura que apresenta como enfoque principal a questão da percepção gerencial, que deve transcender  as coisas visíveis e tangíveis, percepção essa como algo indispensável aos gestores hodiernos.
Menciona vários exemplos em que tal percepção gerencial não está aflorada para o que ele intitula de “invisível”, mas que só sabem lidar com o explícito.
Eis algumas ocorrências exemplificativas de empresas que o autor aborda:

§  ... “seus melhores talentos estão aos poucos deixando a empresa...”
§ ... “ Investimentos em gestão do conhecimento. As soluções criadas pelos consultores são rapidamente incorporadas a “um banco de idéias”(...) parece que o “banco de idéias” não está conseguindo capturar o “x” dos projetos de sucesso.
§  ...” o interesse pelo cliente não é algo apenas protocolar . Cada funcionário trabalha com interesse genuíno pelo bem- estar dos clientes.”
§  “As  conversas de corredor revelam que a briga por poder está se acirrando. O mais surpreendente de tudo é que a diretoria parece ignorar isso.”

Essas  situações ressaltam a falta do enfoque perceptivo gerencial do “invisível”, visto que esses fatos, em tese, por serem não tangíveis, quase sempre perdem, como objeto de ocupação e preocupação gerencial, para as  “situações concretas”, que são efeitos e não causas.
Esse concretismo tem levado muitas organizações a ignorarem fatores-chave para o seu sucesso de gestão. Muito além do concretismo que compõe o espaço organizacional, que na visão de Katz e Kahn (1987) não é idêntico ao espaço físico, conquanto este seja um de seus componentes, existe ou deveria existir uma sinergia comportamental no ambiente organizacional cujos  efeitos positivos , muitas vezes não aproveitados e apropriados positivamente  pelas organizações. Quantas pessoas criativas estão bloqueadas pela rotina massacrante do curto prazo?
Entre esses fatores sinérgicos  que podem ser catalisados, encontramos a questão da confiança das pessoas na organização, em seu propósito e valores e em seus líderes, isto tanto por parte do público externo quanto do público interno. Se do público interno, há de  estar atento sempre para a questão da  motivação do pessoal da equipe, buscando sempre o sentido de colaboradores e não dominação pelos mais diversos matizes Taylor-fayolistas como super manualização, organogramas inescaláveis (tanto para comunicação como para ascensão), cronogramas estressante que acirram muitas vezes as relações intra-organizacional, normas, padrões, que subliminarmente espraiam uma ideologia de adaptação e comodismo do ser humano à máquina, à estrutura, ao emprego, que nem sempre  é trabalho, etc- em detrimento da revelação de talentos individuais, criatividade e libertação interior, num abandono à razão substantiva.
Até que ponto as academias estão formando executivos que só sabem lidar com o explícito?
 Torna-se imperiosa a ótica da prática organizacional como um sistema social, onde os chamados “custos invisíveis” transformem-se, pela sensibilidade, preparo e percepção gerencial, em argamassa construtiva  de um novo modelo organizacional que vá além da empregabilidade, ou seja, alcance a trabalhabilidade.
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Nota: Artigo publicado no informativo  nº 06/1999 - DPJPAF - SEFAZ (ES).




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