quinta-feira, 25 de março de 2021

 Artigo


ABORDAGEM COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO 

                              ©José Roberto de Oliveira

(Homem Administrativo)

À partir da década de 1950 se desenvolve inicialmente nos Estados Unidos a Teoria Comportamental da Administração – também  chamada behaviorista –  que veio significar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento, o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores(Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria da Burocracia) e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro de um contexto organizacional.

É com a abordagem comportamental – Teoria Comportamental da Administração e o Desenvolvimento Organizacional - que a preocupação com a estrutura se desloca para a preocupação com os processos e com a dinâmica organizacionais, isto é, com o comportamento das pessoas na organização, ou seja, com o comportamento organizacional.

“ O enfoque comportamental estabelece o predomínio dos fatores humanos”(Montana e Charnov, l988 : 21).

O behaviorismo põe ênfase no “homem administrativo” em vez do “homem econômico(Teoria Clássica) ou do “homem social”(Teoria das Relações Humanas). O homem administrativo procura apenas a “maneira satisfatória” e não a melhor maneira (“the best way”) de fazer um trabalho. O comportamento administrativo é satisfaciente (“satisficer”) e não otimizante, pois o homem administrativo toma decisões, sem poder procurar todas as alternativas possíveis: não procura o máximo lucro, mas o lucro adequado; não o preço ótimo, mas o preço razoável”(Chiavenato, 1998 : 567).

A Abordagem comportamental é interdisciplinar visto que vai usar a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia Social, a Ciência Política, a Economia, etc..., e assenta-se em novas proposições acerca da motivação humana, notadamente as contribuições de McGregor, Maslow e Herzberg. Como a organização é um sistema cooperativo racional e ela somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam, é que o administrador precisa conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente os esforços dessas pessoas. Por essa razão, também, a organização caracteriza-se por uma racional divisão do trabalho e por uma determinada hierarquia. Da mesma forma que uma organização tem expectativas acerca de seus participantes, quanto às suas aptidões, talentos e potencial de desenvolvimento, também os participantes têm suas expectativas em relação a organização. As pessoas procuram ou formam uma organização porque esperam que sua participação nela satisfará algumas de suas necessidades pessoais. Para obter essas satisfações, as pessoas estão dispostas a incorrer em certos custos ou a fazer certos investimentos pessoais na organização. Por outro lado, a organização procura pessoas na expectativa de que elas trabalhem e desempenhem suas tarefas. Assim, surge uma interação entre as pessoas e organização. As pessoas estão dispostas a cooperar desde que suas atividades dentro da organização contribuam diretamente para o alcance de seus próprios objetivos pessoais.

“O homem tem diferentes tipos de necessidades, cuja satisfação requer múltiplos tipos de cenários sociais”(Guerreiro Ramos, l989 : 136).

Outro aspecto importante da Teoria Comportamental é o processo decisorial. “ Todo indivíduo é um tomador de decisão, baseando-se nas informações que recebe do seu ambiente, processando-as de acordo com suas convicções e assumindo atitudes, opiniões e pontos de vista em todas as circunstâncias. A organização, neste sentido, é vista como um sistema de decisões” ...(Chiavenato, 1998 : 585)

Relativamente ao Desenvolvimento Organizacional(surgido nos anos 60) vamos encontrar Chiavenato(1998) identificando-o como uma Teoria,  ao passo que Motta(1980)  identifica-o como uma subárea da teoria das organizações que procura estudar a operacionalização dos seus conceitos. Segundo Motta, Desenvolvimento organizacional é também a própria aplicação daqueles conceitos.

“Desenvolvimento organizacional é a mudança organizacional planejada(...), porém deve ser entendido como um processo essencialmente dinâmico que pode ser mais ou menos completo, conforme o grau desejado de mudança(...) Em outras palavras(...), o desenvolvimento organizacional depende da situação que requerer e condiciona um determinado tipo de mudança.”(Motta, 1980 : 110).

A crítica que se faz ao D.O.  é que ,embora  uma alternativa democrática, parece uma moda passageira dentro da Administração.

Partindo da premissa de que  toda a Abordagem Comportamental aponta para as condições ambientais otimizadas no trabalho e  a situação motivacional dos empregados para o alcance dos seus objetivos pessoais , pode-se tomar como exemplo , na vivência atual, o comportamento da administração pública estadual atual (1999), condicionada por  imperativos econômicos e políticos, tem  inviabilizado qualquer estilo eficaz de desenvolvimento de esforços junto aos servidores públicos, dificultando para os gerentes, face as variáveis que tem afetado o ambiente de trabalho, a saber:

VIDE A QUESTÃO DO DESEMPREGO tanto no setor público, quanto no privado.

Na atual administração pública do Estado do Espírito Santo foram adotadas as seguintes medidas (inovações) pelo governador como: contingencionamento de salários dos servidores(20% sobre o salário bruto), que não passa  de uma “disfarçada” redução salarial; redução em 30% da carga horária - via de consequência, mais redução de salários; um sem número de demisssões de servidores; os 03(três) meses de atraso salarial sem definição concreta de quando será o pagamento; disponibilidade remunerada decrescente(30% -20% - 10% - 5%) do salário para cada ano que ficar em disponibilidade, sem a certeza do que acontecerá ao final desses quatro anos, e PDV(Plano de Demissão Voluntária), “tiro de misericórdia” a ser disparado em nome da moralização dos gastos públicos "estaduais”, que sob a bandeira da independência dos Poderes(o corporativismo dos dois outros Poderes não permite, nem disso cogitam), assolapa somente os servidores do Poder Executivo, TUDO ISSO NUMA CONCEPÇÃO RETILÍNEA E INSTRUMENTAL que alimenta a QUESTÃO DESEMPREGO.

Pouco ou nada foi conseguido em face de  atrasos sistemáticos de salário – os servidores  já ficaram até quase 04(quatro) meses sem pagamento - ; 05(cinco) anos sem reajuste salarial; providências “saneadoras” nos gastos públicos somente em cima somente dos servidores do Poder Executivo(disponibilidade, redução de salários através da redução de carga horária, retenção de 20% salário bruto sob o “apelido” de contingencionamento , com a promessa de devolução até o final deste governo); precatórios com determinação judicial para pagamento desobedecidos impunimente; plano de cargos e salários que não traz qualquer perspectiva motivacional; inexistência de um programa institucional sistemático de qualificação profissional (os que se qualificam por iniciativa própria – a maioria esmagadora – o fazem sem qualquer ajuda e quando se formam não são reconhecidos institucionalmente, pelo contrário, oportunizam-se espaços a estranhos ao quadro – muitas das vezes sem qualificação – em detrimento daquele servidor preparado;  etc ... .


BIBLIOGRAFIA

Chiavenato, Idalberto. Introdução `a Teoria Geral da Administração. São Paulo, Makron Books do Brasil Editora, 1998. 

Guerreiro Ramos, Alberto. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro, Editora da FGV, 1989.

 Montana, Patrick J. e Charnov, Bruce H. Administração. São Paulo, Editora Saraiva, 1998.

 Motta, Fernando C. Prestes. Teoria Geral da Administração: uma introdução. São Paulo, Livraria Pioneira Editora, 1980.


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