A Saga para uma produção literária
©José Roberto de Oliveira
Eis um tipo de viagem que via de regra se faz
sozinho:
as incursões para uma produção literária!
Nestes caminhos – do mundo da cultura –
às vezes, sentimo-nos moradores de rua... da
literatura,
albergados na neófita sigla, ora inaugurada, MSPL
(Moradores sem Publicação Literária)
personagens abandonados, rindo para espantar os
choros constantes de ambos os lados,
depois de tantas tapinhas nas costas e iludir-nos
que quem não publica, são poucos!
Pior, que achamos mesmo que parecemos o que eles
acham que somos: uns loucos!
E as companhias que dizem que vão nos apoiar e
levar a algum lugar?
Pior é que assim pensamos... e assim a c r e d t i
t a m o s!
Dependendo, tais companhias só nos levam "de volta
ao começo"!
Isso se não nos deixarem antes, do antes do começo!
E as leis de “incentivo” à Cultura!?
Começa que, elas não existem em todos 5.570
municípios brasileiros,
E, onde existe... eis o ritual:
É edital aqui, cópias sem fim,
CPF, RG, CNPJ,
Comprovante de residência (não vale a fotografia da
casa ou do apartamento), Declarações relativas aos direitos autorais,
enfim, um abecedário completo de exigências...
pra depois de tudo, sentir-me mais um, entre tantos
literatos frustrados!
Verdadeiros gargalos da burocracia incrustrados na
cultura, que vão se descongestionar
só depois de um "longo e tenebroso
inverno",
primavera,
verão,
outono, isso, se tiver "um final
feliz"... cujo desfecho ocorre com a busca/troca juntos com as pessoas
jurídicas de um tal bônus... sem ônus!
Isso é um “papo cabeça” tributário-fiscal,
Que não vale ir atrás de empresa de lucro
presumido, somente de lucro real
Tem mais perrengue que se passa e desejo
manifestar!
Ah! Não posso esquecer das bancas chamadas de
examinadoras, que além do trabalho literário, também somos individualmente
analisados, o que não deveria, se isso realmente ocorre.
São tantos os críticos, canetas, nada hesitantes,
muitas vezes "cortantes",
que causam verdadeiras crateras, nas quais nos
enterrados ficamos ou permaneceremos,
sem sermos alcançados por qualquer feixe de luz
que possa resplandecer para o público, objetivo
maior, de um autor que produz.
Na maioria das vezes, só somos vistos por quem não
queremos
Que é através dos projetos e/ou dos processos
peregrinos, que dificilmente vencemos.
apesar de causarmos prazeres e emoções para muita
gente, com o que escrevemos.
não deixa de ser uma forma velada de calar a nossa
voz, na forma que temos.
Aproveitando esta rima ora presente,
vou partir, então, para um voo no caminho,
não menos solitário, que é o da publicação
independente:
Escrever, revisar (1), revisar (2), produtor
literário (?),
Se tiver ilustração, então!
O r ç a m e n t o... que horror!
Não há item que mais apoquente um aventureiro
literário e solitário nessa peregrinação: o funesto orçamento!
A maioria, chega a preço quase indecente.
Um verdadeiro tormento!
Sem falar na distribuição que são os intermináveis
lançamentos:
“Sola de sapato que te aguento”
Constrangedora peça comercial de bifurcada reflexão
do caminho do livre arbítrio, assim se apresenta: 500 exemplares é o
mesmo preço de 1.000!
Deixam transparecer mais atraente, obviamente, o
pacote orçamentário com 1.000.
Ah! Que vontade que dá, mesmo em sussurro,
exclamar: ...Puxa! Que barril!
Assumir tal orçamento é um choque tão forte,
Que se não puder pagar logo, não será espantoso
ocorrer,
Que a sina do autor, por desânimo e decepção seja
morrer...
sem ver seu nome na capa do que seria “seu livro”,
seu sonho literário...
com os registros de praxe: na Biblioteca Nacional (BN),
mas que, de repente, poderá se transformar para a
família
numa inesperada despesa, sim, de registro num
obituário solene,
resultando na triste inclusão do finado e sonhador
autor, onde não queria...
no Cadastro
Nacional de Falecidos CFN, digo, CNF, ao invés do ISBN.
Ora bolas! Que diferença faz
agora, trocar um “N” por um “F”,
se na saga para conseguir sua
produção literária
o autor não suporta os percalços
para tal publicação e fenece?
E os tais incentivos culturais
em âmbito municipal, estadual e
nacional
Se entrar em detalhes, pode até
baixar mais o desânimo, e algum candidato a escritor, rasgar tudo que já fez e,
até passar mal.
en passant, só “pra não dizer que não falei das flores”:
lembro pra você,
que lá distante...na capital da
república, Brasília, local de produção de muitas dores
Tem uma Lei nº8.313 de 23 de dezembro de 1991, intitulada, Lei Rouanet –
Cheia de aprovação de projetos
culturais bizarros,
que parece não foi criada, nem
pra mim e nem pra você.
Modo prático e rápido para aos
benefícios dessa lei se chegar:
é só ir à internet que muitos
intermediários estão a se oferecer.
Até se inicia... não se sabe
exatamente se chega ao fim,
e como o escritor, depois de
tudo, vai ficar.
Não encontrei um candidato a
escritor sequer, que contasse o desfecho para mim!
Sabe de uma coisa: desisto
disso tudo e vou embora pra "Pasárgada" e lá,
de Clarice Lispector me
embebedar.
Se o Bob Dylan, que parece ter
somente um diário ou um livro de autobiografia,
quem nem ele mesmo quase se
lembrava,
e o Prêmio NOBEL de Literatura
pode ganhar...
Vou continuar escrevendo, aqui
e acolá,
Como sempre fiz, sem me
descabelar de preocupação
Por livros
publicar!
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Já tinha lido (pág 183 do livro). Li de novo. De novo, gostei. Excelente. É isso mesmo. Agora, então...Um abraço, meu amigo.
ResponderExcluirObrigado Francisca, por mais esta sua visualização deste Blog e seu precioso comentário. O seu "excelente" é um prestígio ao meu trabalho.
ResponderExcluirUm abração minha amiga