quinta-feira, 2 de julho de 2020

ANUTIBA LITERÁRIA - Crônicas



A Saga para uma produção literária
                                                                        ©José Roberto de Oliveira
                                                                                      Livro "Registros Multiformes do Sentir"



Eis um tipo de viagem que via de regra se faz sozinho:
as incursões para uma produção literária!

Nestes caminhos – do mundo da cultura –  
às vezes, sentimo-nos moradores de rua... da literatura,
albergados na neófita sigla, ora inaugurada, MSPL (Moradores sem Publicação Literária)
personagens abandonados, rindo para espantar os choros constantes de ambos os lados,
depois de tantas tapinhas nas costas e iludir-nos que quem não publica, são poucos!
Pior, que achamos mesmo que parecemos o que eles acham que somos: uns loucos!

E as companhias que dizem que vão nos apoiar e levar a algum lugar?
Pior é que assim pensamos... e assim a c r e d t i t a m o s!
Dependendo, tais companhias só nos levam "de volta ao começo"!
Isso se não nos deixarem antes, do antes do começo!

E as leis de “incentivo” à Cultura!?
Começa que, elas não existem em todos 5.570 municípios brasileiros,
E, onde existe... eis o ritual:
É edital aqui, cópias sem fim,
CPF, RG, CNPJ,
Comprovante de residência (não vale a fotografia da casa ou do apartamento), Declarações relativas aos direitos autorais,
enfim, um abecedário completo de exigências...
pra depois de tudo, sentir-me mais um, entre tantos literatos frustrados!
Verdadeiros gargalos da burocracia incrustrados na cultura, que vão se descongestionar
só depois de um "longo e tenebroso inverno",
primavera,
verão,
outono, isso, se tiver "um final feliz"... cujo desfecho ocorre com a busca/troca juntos com as pessoas jurídicas de um tal bônus... sem ônus!
Isso é um “papo cabeça” tributário-fiscal,
Que não vale ir atrás de empresa de lucro presumido, somente de lucro real

Tem mais perrengue que se passa e desejo manifestar!

Ah! Não posso esquecer das bancas chamadas de examinadoras, que além do trabalho literário, também somos individualmente analisados, o que não deveria, se isso realmente ocorre.
São tantos os críticos, canetas, nada hesitantes,
muitas vezes "cortantes",
que causam verdadeiras crateras, nas quais nos enterrados ficamos ou permaneceremos,
sem sermos alcançados por qualquer feixe de luz
que possa resplandecer para o público, objetivo maior, de um autor que produz.
Na maioria das vezes, só somos vistos por quem não queremos
Que é através dos projetos e/ou dos processos peregrinos, que dificilmente vencemos.
apesar de causarmos prazeres e emoções para muita gente, com o que escrevemos.
não deixa de ser uma forma velada de calar a nossa voz, na forma que temos.

Aproveitando esta rima ora presente,
vou partir, então, para um voo no caminho,
não menos solitário, que é o da publicação independente:
Escrever, revisar (1), revisar (2), produtor literário (?),
Se tiver ilustração, então!
O r ç a m e n t o... que horror!
Não há item que mais apoquente um aventureiro literário e solitário nessa peregrinação: o funesto orçamento!
A maioria, chega a preço quase indecente.
Um verdadeiro tormento!
Sem falar na distribuição que são os intermináveis lançamentos:
“Sola de sapato que te aguento”

Constrangedora peça comercial de bifurcada reflexão do caminho do livre arbítrio, assim se apresenta:  500 exemplares é o mesmo preço de 1.000!
Deixam transparecer mais atraente, obviamente, o pacote orçamentário com 1.000.

Ah! Que vontade que dá, mesmo em sussurro, exclamar: ...Puxa! Que barril!

Assumir tal orçamento é um choque tão forte,
Que se não puder pagar logo, não será espantoso ocorrer,
Que a sina do autor, por desânimo e decepção seja morrer...
sem ver seu nome na capa do que seria “seu livro”, seu sonho literário...
com os registros de praxe: na Biblioteca Nacional (BN),
mas que, de repente, poderá se transformar para a família
numa inesperada despesa, sim, de registro num obituário solene,
resultando na triste inclusão do finado e sonhador autor, onde não queria...
no Cadastro Nacional de Falecidos CFN, digo, CNF, ao invés do ISBN.
Ora bolas! Que diferença faz agora, trocar um “N” por um “F”,
se na saga para conseguir sua produção literária
o autor não suporta os percalços para tal publicação e fenece?

E os tais incentivos culturais
em âmbito municipal, estadual e nacional
Se entrar em detalhes, pode até baixar mais o desânimo, e algum candidato a escritor, rasgar tudo que já fez e, até passar mal.
en passant, só “pra não dizer que não falei das flores”:
lembro pra você,
que lá distante...na capital da república, Brasília, local de produção de muitas dores

Tem uma Lei nº8.313 de 23 de dezembro de 1991, intitulada, Lei  Rouanet  
Cheia de aprovação de projetos culturais bizarros,
que parece não foi criada, nem pra mim e nem pra você.
Modo prático e rápido para aos benefícios dessa lei se chegar:
é só ir à internet que muitos intermediários estão a se oferecer.
Até se inicia... não se sabe exatamente se chega ao fim,
e como o escritor, depois de tudo, vai ficar.
Não encontrei um candidato a escritor sequer, que contasse o desfecho para mim!
Sabe de uma coisa: desisto disso tudo e vou embora pra "Pasárgada" e lá,
de Clarice Lispector me embebedar.
Se o Bob Dylan, que parece ter somente um diário ou um livro de autobiografia,
quem nem ele mesmo quase se lembrava,
e o Prêmio NOBEL de Literatura pode ganhar...
Vou continuar escrevendo, aqui e acolá,
Como sempre fiz, sem me descabelar de preocupação
Por  livros publicar!
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2 comentários:

  1. Já tinha lido (pág 183 do livro). Li de novo. De novo, gostei. Excelente. É isso mesmo. Agora, então...Um abraço, meu amigo.

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  2. Obrigado Francisca, por mais esta sua visualização deste Blog e seu precioso comentário. O seu "excelente" é um prestígio ao meu trabalho.
    Um abração minha amiga

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